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Sintomas Iniciais da Esclerose Múltipla Associados à Incapacidade a Longo Prazo

Novo estudo revela que visão turva e disfunção esfincteriana são preditores-chave de desfechos funcionais em pacientes com EM

Peer-Reviewed Publication

Genomic Press

Em um avanço significativo para a pesquisa em esclerose múltipla (EM), um novo estudo desvendou uma potencial ligação entre certos sintomas iniciais e resultados de incapacidade a longo prazo. A pesquisa, publicada na última edição da Brain Medicine (Genomic Press, Nova York), pode ter implicações de longo alcance para estratégias de intervenção precoce e decisões de tratamento no cuidado da EM.

Liderado pelo Dr. João Pedro F. Gonçalves da Universidade Federal da Bahia, Brasil, o estudo analisou dados de 195 pacientes com EM, focando em seus sintomas no início da doença e subsequentes desfechos funcionais. As descobertas da equipe desafiam algumas crenças anteriormente mantidas sobre a progressão da EM e abrem novas avenidas para abordagens de tratamento personalizadas.

"Nossa pesquisa indica que pacientes que experimentam visão turva aguda ou disfunção esfincteriana na primeira manifestação clínica da EM podem estar em maior risco de desenvolver incapacidade mais severa ao longo do tempo," explica o Dr. Gonçalves. "Essa informação pode ser crucial para que os profissionais de saúde determinem estratégias iniciais de tratamento e protocolos de monitoramento individualizados."

Principais descobertas do estudo incluem:

- Pacientes apresentando visão turva aguda no início tinham 20% mais chances de piores resultados funcionais.

- Aqueles experimentando disfunção esfincteriana (como incontinência ou retenção urinária ou fecal) no início tinham 24,5% mais chances de desenvolver incapacidade mais severa.

- Contrariando alguns estudos anteriores, sintomas como paralisia aguda e hipoestesia não foram preditores independentes de piores resultados a longo prazo.

O estudo utilizou a Escala Expandida do Estado de Incapacidade (EDSS), uma ferramenta amplamente reconhecida para quantificar a incapacidade em pacientes com EM. Essa abordagem permitiu aos pesquisadores correlacionar objetivamente os sintomas iniciais com o estado funcional a longo prazo.

O trabalho do Dr. Gonçalves e sua equipe levanta questões intrigantes sobre os mecanismos subjacentes da progressão da EM. Por que distúrbios visuais e sintomas esfincterianos parecem prenunciar um curso mais desafiador da doença? Esses sintomas poderiam indicar danos iniciais mais extensos ao sistema nervoso central, ou talvez refletir um subtipo diferente de EM que justifica tratamento precoce mais agressivo?

Além disso, as descobertas incitam a consideração de como esse conhecimento pode ser integrado às atuais diretrizes de tratamento da EM. Pacientes que apresentam esses sintomas específicos deveriam ser encaminhados mais rapidamente para terapias mais intensivas? Qual o papel que os biomarcadores emergentes podem desempenhar em conjunto com esses indicadores clínicos para refinar ainda mais a precisão prognóstica?

O estudo também destaca a interação complexa entre vários sintomas da EM e seu impacto na qualidade de vida do paciente. Enquanto alguns sintomas como paralisia aguda podem parecer mais graves inicialmente, a pesquisa sugere que problemas menos óbvios como visão turva ou disfunção da bexiga poderiam ser mais preditivos de desafios a longo prazo. Isso levanta questões importantes sobre como priorizar o manejo dos sintomas no cuidado da EM e se as avaliações atuais de qualidade de vida capturam adequadamente o espectro completo da incapacidade relacionada à EM.

"Essas descobertas podem potencialmente remodelar a forma como abordamos as decisões iniciais de tratamento da EM," observa o Dr. Gonçalves. "Ao identificar pacientes com maior risco de incapacidade severa precocemente, podemos intervir de forma mais agressiva e potencialmente alterar o curso da doença."

A equipe de pesquisa reconhece algumas limitações do estudo, incluindo o potencial viés de recordação no relato dos sintomas e a necessidade de estudos prospectivos para confirmar suas descobertas. No entanto, este trabalho representa um passo significativo na compreensão da progressão da EM e na individualização do cuidado do paciente.

À medida que a comunidade global de pesquisa em EM digere essas descobertas, várias questões emergem: Como esses indicadores prognósticos podem interagir com fatores de risco genéticos e ambientais para EM? Intervenções direcionadas para pacientes com esses sintomas de alto risco poderiam levar a melhores resultados a longo prazo? E como essas descobertas podem influenciar o desenvolvimento de terapias de próxima geração para EM?

O estudo, intitulado "A associação de diferentes manifestações agudas da esclerose múltipla no desfecho funcional," será publicado na Brain Medicine em 24 de setembro de 2024. Estará disponível gratuitamente online em https://bm.genomicpress.com/aop/

Sobre a Brain Medicine: A Brain Medicine (ISSN: 2997-2639) é uma revista de pesquisa médica publicada pela Genomic Press, Nova York. A Brain Medicine é um novo espaço para o caminho interdisciplinar que vai desde a inovação em neurociência fundamental até iniciativas translacionais em medicina cerebral. O escopo da revista abrange a ciência subjacente, as causas, os resultados, os tratamentos e o impacto social dos distúrbios cerebrais, em todas as disciplinas clínicas e suas interfaces.

Contato - Dr. João Pedro F. Gonçalves, Universidade Federal da Bahia, Brasil. E-mail: joaofernandes@ufba.br


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