News Release

Novo estudo mostra como o nosso sistema de vigilância é acionado dentro dos tecidos

Peer-Reviewed Publication

Instituto de Medicina Molecular

Resident T-Cells in the Intestine

image: Regulatory T cells promote the generation of tissue resident T-cells in the intestine, essential for the protection against pathogens. view more 

Credit: Helena Pinheiro, iMM.

Os glóbulos brancos circulam por todo o corpo dentro dos vasos sanguíneos, atuando como um sistema de vigilância. No entanto, existe um grupo especializado destas células que está permanentemente presente nos tecidos como a pele, intestino e pulmões, protegendo contra invasores externos, como os micróbios. Mas os estímulos que levam à produção destas células ainda são amplamente desconhecidos. Um novo estudo liderado por Marc Veldhoen, Investigador Principal no Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes (iMM; Portugal), e publicado esta semana na prestigiada Nature Immunology*, mostra que a disponibilidade local de moléculas específicas nos tecidos é crucial para produzir células de vigilância residentes. O impacto destes resultados estende-se para lá da imunidade protetora nos tecidos, visto que estas células são eficazes quando induzidas após a vacinação e levam ainda a imunidade anti-tumoral mais eficaz.

Estas células de vigilância residentes nos tecidos são um grupo especializado de células T, fundamentais para atacar diretamente microorganismos invasores. "Estas células T residentes nos tecidos desenvolvem-se após uma infeção inicial e fornecem proteção contra futuras infeções, como parte da memória imunológica", explica Cristina Ferreira, primeira autora do artigo.

Neste novo estudo, Marc Veldhoen e o seu grupo mostraram que numa outra população de células T, chamadas células T reguladoras - células conhecidas principalmente pela sua capacidade de reduzir e controlar as respostas imunitárias evitando danificar os nossos próprios tecidos - existem células importantes para o desenvolvimento de células T residentes. Usando modelos animais de ratinho que não têm esta população de células T reguladoras, os investigadores observaram que o número de células T residentes nos tecidos era muito menor. "É como se o "sistema de vigilância" no intestino, o tecido que estudámos, fosse desligado, uma vez que observámos que a presença de um menor número destas células T residentes nos tecidos resultou também numa menor proteção contra microorganismos invasores", explica Marc Veldhoen.

Mas qual é o papel das células T reguladoras no desenvolvimento das células T residentes nos tecidos? "O que observámos é que as células T reguladoras são recrutadas para se movimentarem para o local da infeção e, uma vez lá, promovem a disponibilidade de uma molécula específica, o TGF-beta. De acordo com os nossos resultados, esta molécula é crucial para produzir as células T residentes nos tecidos", explica Cristina Ferreira.

"Acreditamos que um maior conhecimento sobre o desenvolvimento destas células pode afetar não apenas a maneira como encaramos as condições de infeção, principalmente no intestino, mas também o cancro. Foi demonstrado que a presença destas células T residentes nos tecidos é importante para um bom prognóstico em pacientes com cancro e, em modelos animais, foi mostrado que estas células são mais eficazes contra o cancro. O motivo está provavelmente associado à especialização destas células em penetrar profundamente nos tecidos. Conhecer o seu funcionamento poderá impulsionar o desenvolvimento de estratégias de tratamento, como no caso do cancro de mama", acrescenta Marc Veldhoen, sobre a importância destas descobertas.

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Este trabalho foi desenvolvido no iMM (Portugal) com colaboração de investigadores do Instituto Gulbenkian de Ciência (Portugal), da Université Lyon (France), da University Medical Center Mainz, da Heidelberg University, e do German Cancer Research Center (DKFZ), Germany). Este estudo foi financiado pelo programa europeu H2020 - European Union H2020 ERA project (No 667824 - EXCELLtoINNOV), pelo Fundo iMM Laço, pela Fundação"la Caixa" e pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT).

*Cristina Ferreira, Leandro Barros, Marta Baptista, Birte Blankenhaus, André Barros, Patrícia Figueiredo-Campos, Špela Konjar, Alexandra Lainé, Nadine Kamenjarin, Ana Stojanovic, Adelheid Cerwenka, Hans C. Probst, Julien C. Marie and Marc Veldhoen. (2020) Type 1 Treg cells promote the generation of CD8+ 1 tissue resident memory T cells. Nature Immunology. DOI: 10.1038/s41590-020-0674-9.


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