Um time de mais de 100 cientistas de diversos países, incluindo o Brasil, avaliou o impacto das mudanças climáticas em toda a Amazônia nos últimos 30 anos. A conclusão dos especialistas, liderados pela pesquisadora brasileira Adriane Esquivel-Muelbert, é que os eventos de seca estão acelerando a morte das árvores da floresta.
As mudanças climáticas são tão rápidas que muitas espécies não têm tempo de se adaptar e estão sucumbindo ao calor e à seca. Este trabalho é resultante da Rede Amazônica de Inventários Florestais (RAINFOR) liderada pelo Prof. Oliver Phillips da Universidade de Leeds (Inglaterra), coautor do estudo.
O trabalho de Esquivel-Muelbert mostra que desde os anos 80 as altas temperaturas, as secas mais fortes e frequentes e os elevados níveis de gás carbônico atmosférico vêm gradualmente aumentando a mortalidade e o crescimento das árvores da Amazônia. O estudo também revelou que as espécies de árvores adaptadas às condições úmidas da Amazônia estão morrendo com mais frequência, mas não estão sendo substituídas por espécies mais resistentes à seca devido a rapidez das mudanças no clima.
Segundo a Dra. Esquivel-Muelbert, esta falta de substituição das árvores é consequência de um atraso de resposta da Floresta Amazônica ao clima cada vez mais seco. A pesquisadora explica que as intensas secas na Amazônia nos últimos anos provocaram mortalidade das espécies mais vulneráveis em velocidade acima da capacidade de reação da floresta. "Esta situação é muito preocupante porque ainda não sabemos se as espécies mais tolerantes irão sobreviver e crescer a ponto de substituir as demais", revela a cientista.
Os pesquisadores também descobriram que as espécies de árvores grandes que dominam as florestas estão tendo vantagem sobre as espécies menores devido à elevação do gás carbônico na atmosfera, situação que favorece o crescimento vegetal. Essa descoberta indica que o aumento global do gás carbônico pode mudar a estrutura das florestas, mas sem garantia de que esta seja uma mudança favorável ou não, pois as árvores grandes tendem a ser mais afetadas pelas secas.
Segundo o Dr. Phillips, considerado uma das maiores autoridades mundiais em florestas tropicais, o trabalho de Esquivel-Muelbert registrou um aumento de espécies de rápido crescimento, como as embaúbas, revelando uma dinâmica mais acelerada dessas florestas, também como provável resposta ao aumento gás carbônico na atmosfera. "O problema é que estas árvores são de vida curta e de maior vulnerabilidade à seca, o que nos parece mais um problema para a sobrevivência da Amazônia frente às mudanças climáticas", adverte o Prof. Ben Hur Marimon da Universidade do Estado e Mato Grosso (UNEMAT), outro coautor do trabalho.
Segundo Beatriz Marimon, também professora da UNEMAT e coautora do trabalho, o impacto das mudanças climáticas sobre as florestas tem importante consequência à biodiversidade. "As espécies mais vulneráveis à seca são também aquelas de distribuição mais restrita, o que faz com que elas sofram maior risco de extinção se esse processo continuar", alerta a cientista.
Esquivel-Muelbert conclui o trabalho com uma séria advertência: "Nossos resultados salientam a necessidade de providências para a proteção dessas florestas intactas como o controle do desmatamento que aumenta as secas na região, e intensifica o efeito das mudanças ambientais"
###
Imagens: https://drive.google.com/open?id=1wSZrOfPyWdINxdswdNqFinbW44AMWloj
Maiores informações:
Acesse o artigo científico na íntegra (link).
Compositional response of Amazon forests to climate change foi publicado na revista científica Global Change Biology 08 November 2018 (DOI: 10.1111/gcb.14413).
Site da Rede RAINFOR http://www.rainfor.org/pt
Mais informações para agendar intrevistas contactar: Adriane Esquivel Muelbert Adriane.esquivel@gmail.com ou o escritório de imprensa da Universidade de Leeds Anna Harrison a.harrison@leeds.ac.uk ou +44(0)113 343 4031.
University of Leeds
The University of Leeds is one of the largest higher education institutions in the UK, with more than 33,000 students from more than 150 different countries, and a member of the Russell Group of research-intensive universities.
We are a top ten university for research and impact power in the UK, according to the 2014 Research Excellence Framework, and are in the top 100 of the QS World University Rankings 2019. Additionally, the University was awarded a Gold rating by the Government's Teaching Excellence Framework in 2017, recognising its 'consistently outstanding' teaching and learning provision. Twenty-six of our academics have been awarded National Teaching Fellowships - more than any other institution in England, Northern Ireland and Wales - reflecting the excellence of our teaching. http://www.leeds.ac.uk
Journal
Global Change Biology