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Isso é música para o meu... cérebro!

Em experimento com ressonância magnética, computador lê a atividade cerebral para descobrir que música os participantes estão ouvindo.

Peer-Reviewed Publication

D'Or Institute for Research and Education

Parece ficção científica, mas ler pensamentos pode estar mais perto da realidade do que a maioria das pessoas imagina. Um estudo realizado no Instituto D'Or de Pesquisa e Ensino usou uma máquina de ressonância magnética para, a partir da atividade cerebral de voluntários de pesquisa, descobrir que música estava na cabeça deles. O trabalho contribuiu para o aperfeiçoamento da técnica que, no futuro, pode ter aplicações em estudos sobre imaginações auditivas e vozes internas, além do desenvolvimento de tecnologias que permitam comunicação com pessoas que não podem falar nem se mexer, por exemplo.

O experimento foi feito com seis voluntários e consistiu no seguinte: primeiro, os participantes ouviam trechos de 40 músicas de vários estilos - clássica, rock, pop, jazz, entre outros. Enquanto isso, o aparelho de ressonância magnética monitorava sua atividade cerebral e um computador ia aprendendo a identificar padrões de atividades geradas por cada trecho de música escutado, levando em consideração aspectos sonoros como tonalidade, dinâmica, ritmo e timbre.

Depois disso, o esperado era que o computador fosse capaz de fazer o caminho inverso, isto é, a partir da observação das atividades cerebrais, identificar que músicas os participantes ouviam. Chegou a hora de colocar a hipótese à prova. Na segunda etapa do experimento, os participantes escutavam a música e, levando em consideração as imagens geradas pela ressonância, o computador deveria apontar, entre duas opções, que música estava sendo ouvida. A taxa de acerto foi de até 85%.

Animados pelos bons resultados, os pesquisadores decidiram, então, aumentar o nível de dificuldade do teste. Assim, o computador deveria escolher não entre duas, mas entre dez opções diferentes de música - das quais apenas uma estava sendo ouvida pelo voluntário de pesquisa. Taxa de acerto? Cerca de 74%. Nada mal! Os resultados foram publicados hoje (2/2) na Scientific Reports.

No futuro, espera-se que trabalhos como este ajudem os cientistas na busca de soluções de comunicação que não dependam da linguagem escrita ou falada. "Poderemos apenas imaginar uma canção, e o equipamento transcreverá seu conteúdo", sugere o neurocientista Sebastian Hoefle, pesquisador do Instituto D'Or e um dos autores do trabalho, desenvolvido em parceria com pesquisadores da Alemanha, da Finlândia e da Índia.

Segundo ele, essa área de estudo, chamada decodificação cerebral, abre muitas outras portas para a ciência entender o funcionamento do cérebro humano e interagir com ele usando máquinas. As perguntas a responder, claro, são inúmeras. "Que características de uma música fazem com que uma pessoa a ame, e outra, nem tanto? Será que nosso cérebro é adaptado para gostar de determinadas características musicais, em detrimento de outras?", exemplifica Hoefle.

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