ROCHESTER, Minnesota — Pesquisadores da Mayo Clinic desenvolveram modelos organoides para estudar o melanoma uveal, um dos tipos mais comuns de câncer de olho em adultos. O objetivo é utilizar esses modelos para entender melhor como essa doença funciona e desenvolver tratamentos para as necessidades não atendidas dos pacientes.
Organoides são modelos 3D cultivados a partir do tecido de um paciente que refletem, com precisão, as características genéticas e biológicas únicas do paciente, também conhecidas como "avatares." Quando derivados de um tumor cancerígeno do paciente, um organoide se comportará e responderá a tratamentos fora do corpo em laboratório (in vitro), assim como o tumor original faria dentro do corpo (in vivo).
Em 50% dos pacientes, o melanoma uveal metastatiza, espalhando-se para outras partes do corpo, o que leva a um prognóstico deficiente e a uma sobrevida média de menos de dois anos. Infelizmente, os tratamentos atuais para essa condição geralmente têm eficácia limitada, deixando os pacientes e seus médicos com poucas opções.
"A esperança é que esses modelos de organoides derivados de pacientes representem melhor o câncer humano em laboratório", diz a Dra. Lauren Dalvin, oncologista ocular e cirurgiã-cientista no Centro Oncológico Integral da Mayo Clinic, e uma das pesquisadoras principais. "Utilizar esses modelos como base para testes de medicamentos facilitará a descoberta de novos tratamentos com taxas de sucesso mais altas em ensaios clínicos, traduzindo-se, em última análise, em melhores resultados para os pacientes com melanoma uveal."
No passado, a falta de modelos de doenças humanas que representassem todo o espectro do melanoma uveal acabou criando um gargalo, limitando a capacidade dos cientistas de identificar alvos eficazes para o tratamento e a prevenção. A maioria dos estudos laboratoriais tem utilizado o mesmo conjunto de linhas celulares comercialmente disponíveis, que não são representantes da doença e que frequentemente se diferem de maneira significativa dos tumores originais.
Para superar esse gargalo, uma equipe de estudo liderada pela Dra. Dalvin, em colaboração com o Dr. Martin Fernandez-Zapico, biólogo do câncer no Centro Oncológico Integral da Mayo Clinic, decidiu desenvolver um novo biobanco de organoides derivados de pacientes com melanoma uveal. O objetivo é criar um recurso de pesquisa que represente a variabilidade real desse câncer.
Em um artigo publicado na Investigative Ophthalmology & Visual Science, eles descreveram o desenvolvimento inicial desse biobanco. Os pesquisadores criaram, com sucesso, organoides derivados de pacientes de oncologia ocular da Mayo Clinic que se inscreveram em um estudo prospectivo envolvendo a coleta de tecido tumoral para pesquisa entre o período de 1º de julho de 2019 a 1º de julho de 2024. O estudo determinou que esses modelos de organoides:
- Puderam ser produzidos, mantendo sua estabilidade através de muitos usos e seriam um recurso vivo renovável, capazes de ser reproduzidos conforme necessário.
- Mantiveram as características clinicamente relevantes dos tumores originais, agrupados em grupos moleculares apropriados com base em marcadores prognósticos validados e se assemelharam à doença humana quando comparados aos modelos animais in vivo.
- Serviram como modelos humanos adequados para a triagem de medicamentos.
Reconhecendo o imenso valor deste biobanco de organoides, os pesquisadores já começaram a expandi-lo para incluir outros centros de pesquisa. O objetivo é criar um recurso capaz de representar a variabilidade epigenômica global do melanoma uveal. No futuro, eles esperam que esse biobanco sirva como uma plataforma integral para testes de medicamentos e outros tipos de pesquisa laboratorial sobre o melanoma uveal. Esse esforço colaborativo acelerará a pesquisa e abrirá portas para tratamentos e resultados mais eficazes para os pacientes com essa doença.
Leia o artigo para saber mais sobre o estudo, incluindo financiamento e divulgações.
Os organoides estão transformando o panorama da pesquisa biomédica. Cientistas estão utilizando essa abordagem inovadora para reproduzir doenças, acompanhar suas progressões e identificar e caracterizar tratamentos em potencial. A Mayo Clinic está na vanguarda da pesquisa de organoides, aplicando essa abordagem para estudar uma ampla gama de condições de saúde, incluindo:
- Transtornos neurodegenerativos e neurológicos, como a demência por corpos de Lewy, doença de Alzheimer, autismo, dependência de opioides e alcoolismo.
- Sarampo e outras doenças infecciosas.
- Vários tipos de câncer, incluindo câncer de mama.
Os objetivos dessa pesquisa vão muito além de suas aplicações atuais. Os pesquisadores da Mayo Clinic têm como objetivo desenvolver organoides representando órgãos de todo o corpo humano para monitorar doenças, realizar a triagem de medicamentos e regenerar tecidos. Essa abordagem promete acelerar a pesquisa no campo da medicina de precisão e a busca por curas em outras áreas da pesquisa biomédica.
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Journal
Investigative Ophthalmology & Visual Science
Article Title
Novel Uveal Melanoma Patient-Derived Organoid Models Recapitulate Human Disease to Support Translational Research
Article Publication Date
4-Nov-2024