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Gravações de batimentos cardíacos de 60 segundos oferecem uma janela para a saúde autonômica após trauma cerebral grave

Novo estudo brasileiro valida a confiabilidade das medidas ultra-curtas de variabilidade da frequência cardíaca, abrindo caminho para um acompanhamento mais rápido e fácil da recuperação em sobreviventes de lesão cerebral traumática

Peer-Reviewed Publication

Genomic Press

Para os mais de 1 milhão de americanos que sobrevivem a lesões cerebrais traumáticas graves a cada ano, o caminho para a recuperação é frequentemente longo e desafiador. A interrupção do sistema nervoso autônomo, que controla funções involuntárias como a frequência cardíaca, é uma consequência comum, porém pouco compreendida da LCT. Embora a variabilidade da frequência cardíaca (VFC) seja uma medida amplamente utilizada da função autonômica, a gravação padrão de 5 minutos pode ser difícil para pacientes com deficiências cognitivas e físicas.

Agora, uma equipe liderada por pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC, Brasil, descobriu que a VFC pode ser capturada com precisão em sobreviventes de LCT grave usando gravações tão curtas quanto 30 a 60 segundos. O estudo, publicado na Brain Medicine, é o primeiro a validar a VFC ultra-curta nessa população, um achado com importantes implicações para o cuidado do paciente e pesquisa.

"Medir a VFC oferece uma janela para o sistema nervoso autônomo, mas a avaliação padrão de 5 minutos pode ser difícil para pacientes que têm dificuldade com gravações prolongadas", disse Hiago Melo, pesquisador da Universidade Federal de Santa Catarina e primeiro autor do estudo. "Nossos resultados sugerem que podemos obter dados confiáveis de VFC em apenas uma fração desse tempo, tornando viável integrar verificações autonômicas regulares no cuidado clínico e na vida diária dos sobreviventes de LCT."

Os pesquisadores analisaram gravações de ECG de 48 pacientes um ano após uma LCT grave. Comparando os valores de VFC calculados a partir da gravação padrão de 5 minutos com aqueles de segmentos mais curtos da mesma gravação, eles determinaram que medidas ultra-curtas - particularmente de segmentos de 1 minuto - se correlacionavam fortemente com o padrão-ouro de 5 minutos.

Uma métrica específica de VFC conhecida como raiz quadrada média das diferenças sucessivas (RMSSD) provou ser a mais robusta. Acredita-se que a RMSSD reflita a atividade parassimpática (repouso e digestão), um aspecto importante da função autonômica saudável frequentemente suprimido após lesão cerebral.

"A RMSSD mostrou consistentemente a maior confiabilidade entre os segmentos ultra-curtos", observou o coautor Guilherme Fialho, cardiologista e professor do Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas. "Isso é promissor, pois a RMSSD pode ser especialmente adequada para capturar a disfunção parassimpática comumente observada em pacientes com LCT."

De acordo com os autores, a VFC ultra-curta poderia servir como um marcador objetivo da saúde autonômica pós-LCT, permitindo que os médicos identifiquem problemas mais cedo e intervenham de forma mais eficaz. O estudo também abre caminho para dispositivos vestíveis que poderiam monitorar discretamente a VFC durante as atividades diárias, fornecendo dados do mundo real sobre a recuperação do paciente.

"Estamos entusiasmados com o potencial da VFC ultra-curta para melhorar o cuidado pós-LCT", disse o autor sênior Roger Walz, professor da Universidade Federal de Santa Catarina. "Ao tornar a avaliação autonômica mais rápida e fácil, podemos expandir a forma como acompanhamos a recuperação na clínica e além. É uma ferramenta simples, mas poderosa, que poderia remodelar nossa compreensão do impacto autonômico dessas lesões."

Embora promissores, os pesquisadores alertam que estudos maiores são necessários para orientar o desenvolvimento de marcadores de recuperação baseados na VFC. Com validação adicional, eles acreditam que as gravações ultra-curtas poderiam se tornar uma parte padrão das avaliações pós-LCT, levando a abordagens de reabilitação mais personalizadas.

À medida que o número de sobreviventes de LCT continua a crescer, ferramentas como a VFC ultra-curta oferecem esperança para melhor identificar aqueles em risco de disfunção autonômica prolongada e fornecer intervenções direcionadas para melhorar a qualidade de vida após lesão cerebral grave.

Além de Hiago Murilo Melo e Roger Walz, os autores do estudo incluem Norma Beatriz Diaz Rangel, Guilherme Loureiro Fialho e Katia Lin.

O estudo, "Confiabilidade da variabilidade da frequência cardíaca ultra-curta para avaliação do tônus autonômico cardíaco em lesão cerebral traumática grave", será publicado em 24 de setembro de 2024 na Brain Medicine: https://bm.genomicpress.com/aop/

Sobre a Brain Medicine Brain Medicine: From Neurons to Behavior and Better Health (ISSN: 2997-2639) é uma revista científica revisada por pares publicada pela Genomic Press, Nova York. A revista é um novo espaço para o caminho interdisciplinar que vai da inovação em neurociência fundamental às iniciativas translacionais em medicina cerebral. O escopo inclui a ciência subjacente, causas, resultados, tratamentos e impacto social dos distúrbios cerebrais, abrangendo todas as disciplinas clínicas e suas interfaces.


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